Resenha de "As Virgens Suicidas" , do autor Jeffrey Eugenides

Título: As Virgens Suicidas

Título original: The virgin suicides.

Autor (a): Jeffrey Eugenides

Tradutor (a): Daniel Pelliazzari

Editora: Companhia das Letras

Ano: 2013

Nº de pág.: 231

Nota: cinco estrelas

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Sinopse

            Num típico subúrbio dos Estados Unidos nos anos 1970, cinco irmãs adolescentes se matam em sequência e sem motivo plausível. A tragédia, ocorrida no seio de uma família que, em oposição aos efeitos já perceptíveis da revolução sexual, vive sob severas restrições morais e religiosas, é narrada pela voz coletiva e fascinada de um grupo de garotos da vizinhança. O coro lírico que então se forma ajuda a dar um tom sui generis a esta fábula da inocência perdida

Resenha

Essa foi uma leitura extremamente densa, desde o princípio sabemos que as cinco meninas Lisbon cometem suicídio, sendo assim, temos as descrições dadas pelos garotos que são vizinhos, narrando o dia a dia da família até as datas fatídicas. A história é contada para nós – em primeira pessoa, pelos vizinhos – anos depois das mortes das irmãs, onde os meninos, já homens, tentam entender o motivo por trás dos acontecimentos.

“Na manhã em que a última filha dos Lisbon resolveu que tinha chegado sua hora de se suicidar – foi Mary desta vez, e remédios para dormir, como Therese – os dois paramédicos chegaram à casa sabendo exatamente onde ficava a gaveta de facas, o forno a gás e a viga do porão, na qual era possível atar uma corda. (...)”

Acompanhar a evolução da decadência da família através dos olhares de adoração desses rapazes é aflitivo e complexo, uma vez que você só tem acesso a uma pequena parcela dos acontecimentos, deixando em nós, leitores, uma sensação angustiante, ou seja, nós acabamos nos tornando reflexo dos narradores, ansiosos por respostas e tentando enxergar o mundo através dos olhos dessas meninas.

Durante a narrativa é notória a visão “pura e casta” que os meninos-narradores possuem das Lisbon, contudo é evidente também, tanto para eles quanto para os leitores, que elas não eram tão simples e monocromáticas quanto os adolescentes imaginavam no princípio da narrativa.

A escrita do autor é fluída e rápida. A construção do enredo nos faz ficarmos presos a narrativa, nem reparando na passagem do tempo. Acredito que a carência de respostas para nossos questionamentos nos mantém acorrentados aos relatos, até que possamos cultivar uma linha de conclusão, o que mesmo ao finalizar a leitura se torna difícil de alcançar.

“Mas tudo isso é vento que passa. A essência dos suicídios não consistia em tristeza ou mistério, mas apenas em egoísmo. As meninas tomaram nas próprias mãos decisões que deveriam ser deixadas para Deus. Tornaram-se poderosas demais para viver entre nós, absortas demais em si mesmas, visionárias demais, cegas demais. (...)”

Tenho certeza que essa história ficará em minha mente por muito tempo, indico para quem curte leituras mais pesadas. Gostaria de ressaltar que durante a prosa, senti falta de conhecer um pouco mais de Mary, Therese e Bonnie, já que grande parte do conteúdo é focado, a princípio em Cecilia, e depois em Lux - que se torna o principal reflexo da decadência da família.

Fiquei um tanto chocada com o enredo, porém, mais que isso, fiquei fascinada com a prosa lírica, objetiva e cruamente sentimental. Leitura mais que indicada, a nota que dou são cinco estrelas e o coração de favorito.
Beijos e não deixem de comentar a opinião de vocês.
Carol